O que nos trás por cá?

O que nos trás por cá?

Desde já, bem-vindos(as) à Nossa Biblioteca! Tal como o nome indica, neste blog iremos falar de livros, escritores e da arte de escrever. Se quiserem saber mais acerca de quem vos escreve, consultem as páginas abaixo. Somos, acima de tudo, duas raparigas apaixonadas por este mundo imaginário, mas por vezes real, que é a escrita. Decidimos então juntar-nos e criar um blog para vos dar a conhecer o que andamos a ler! Esperamos que gostem deste nosso projecto. Como costumam dizer que "somos o que comemos", nós por cá dizemos "somos o que lemos!".

sábado, 20 de junho de 2015

Entre Mundos, de Rita M. Cruz

 O livro Entre Mundos de Rita Magalhães Cruz foi editado pela Chiado Editora em Dezembro de 2011 e já vai na sua segunda edição. Conheci a Rita na Feira do Livro - Festas com Livros - do Pinhal Novo e foi muito bom conversar com ela acerca da nossa escrita e dos nossos planos futuros. É uma rapariga muito simpática com um enorme talento! Nasceu em 1991 e vive em Palmela - Aires. Para além da escrita, a sua paixão são os animais e está a concluir o seu curso em Veterinária na Universidade Técnica de Lisboa.                                                        

Feira do Livro - Pinhal Novo
  Este livro conta uma história fantástica entre o Mundo real e o imaginário. Ao lermos este livro, que aborda dois Mundos completamente diferentes, conseguimos compreender as suas diferenças, os apetos bons e os aspetos maus de cada um. 
  
  A história começa neste nosso Mundo, em Palmela e Aires. O seu protagonista é Rodrigo, de 14 anos, que passa bastantes dificuldades. A sua mãe morre e o seu pai não lhe dá qualquer apoio, consumido pela depressão que recusa tratar. Este jovem encontra o seu conforto no apoio dos amigos. 

  Um dia depois do seu pai tentar o suicídio, Rodrigo aceita espairecer e passear com o seu amigo Carlos e o seu irmão. Vão até ao Cabo Espichel - local tão adorado por Rodrigo - e, em vez de ser um momento de paz e útil para espairecer a sua mente triste, um acidente leva-os a um destino que vai mudar por completo as suas vidas, em especial, a de Rodrigo.

É, neste momento, que Rodrigo acorda numa ilha desconhecida levado pelo carro que caiu ao mar, numa espécie de portal entre este dois mundos. Encontra nesta ilha apenas mulheres que nunca na vida viram um homem. Passa os seus primeiros dias fechado e aterrorizado pela morte do seu amigo e revoltado com o irmão deste que ia a guiar o carro, provocando o acidente. Vive atormentado com o desejo de voltar a casa, com medo do que lhe poderá acontecer, sem saber como voltar a casa e cheio de dúvidas em relação ao seu pai; Será que, sabendo da sua suposta morte, o pai pediria ajuda para se tratar? Ou tentaria matar-se, novamente?


Tatsi, uma indígena com os seus belos olhos violeta, é a única que ousa desrespeitar as regras e falar com o rapaz, que lhe desperta uma enorme curiosidade. Com a sua ajuda, Rodrigo consegue ultrapassar muitos dos seus medos e traumas. É confrontado com novos costumes e crenças inabaláveis, como a existência de uma Feiticeira que controla a ilha à qual não ousam desrespeitar, e mistérios... Muitos mistérios!
  
  Várias dúvidas surgem na cabeça do rapaz: Como é que só existem mulheres nesta ilha? O que fazem aos rapazes que nascem? Porque é que acreditam na existência de uma Feiticeira que nunca viram? Como é que todas falam português? Como é que esta ilha não se encontra em nenhum mapa? Estas questões vão sendo resolvidas com a ajuda de Tatsi que apoia Rodrigo em todos os momentos, contrariando a vontade da mãe - a chefe daquela tribo - que não quer que a rapariga seja muito próxima deste rapaz. Será que estes jovens conseguem desfazer as crenças descabidas desta comunidade? E como o conseguirão? 

  Rodrigo ensina Tatsi a ler, escrever e a pensar por si própria pois é o caminho para a liberdade. Uma grande revolução dá-se naquela ilha graças a eles e à sua força de vontade nos momentos mais perigosos!

  É incrível observar a relação íntima que Tatsi e Rodrigo vão desenvolvendo ao longo de apenas seis meses. São  pessoas de mundos tão diferentes mas, no entanto, com corações tão iguais!

  É uma aventura surpreendente e lê-se num abrir e fechar de olhos! Faz-nos pensar acerca dos limites da amizade - porque a verdadeira amizade não tem limites! ; no amor e nas pequenas coisas que existem no nosso dia a dia, no nosso lar, que não trocaríamos por nada e às quais só damos valor, quando nos encontramos um ambiente completamente diferente - é o que acontece a Rodrigo quando deixar de viver no seu Mundo, longe do seu pai. Agora, se querem saber mais, têm de ler! Será que Rodrigo volta a casa? E Tatsi, a sua alma gémea, será que pensa em ir com ele e deixar a sua ilha? Ou separam-se para sempre, guiados pelo destino incontornável que comanda a vida? Tem uma escrita bastante madura que, em poucas palavras, nos faz visualizar desde objectos, a sentimentos e expressões faciais das personagens. 

  Se quer embarcar numa aventura estonteante sem sair de casa, basta abrir o livro Entre Mundos da Rita, e deixar-se levar pela brisa de letras que dele saem! 




sexta-feira, 5 de junho de 2015

Veronika Decide Morrer, de Paulo Coelho

 Olá! Antes de mais, espero que estejam a passar uma boa sexta feira! Vou então apresentar-vos o livro Veronika Decide Morrer, de Paulo Coelho.
"Veronika Decide Morrer é o livro mais hábil de Coelho até à data (...) As suas personagens discutem a sanidade e o sentido da vida sob diversos pontos de vista, incitando o leitor a participar da discussão."

 Não poderia concordar mais com esta crítica! É um livro que nos faz refletir acerca do sentido da vida. Nesta história, Veronika, a personagem principal, decide suicidar-se. É assim que o livro começa; Veronika põe sobre a mesa todas as formas de suicídio e decide que o fará com a toma excessiva de comprimidos - pois é, de acordo com a sua opinião, a forma que tem de não provocar dor ou ferimentos no corpo.

  Tal como ela diz, é uma jovem que tem tudo: família, namorados (quando assim o deseja), trabalho, beleza e juventude - tem cerca de 20 anos. Aparentemente, tem tudo para alcançar uma vida "normal", mas aquele sentimento de vazio e de depressão sempre a acompanhou e decide pôr um termo à sua vida.
  No entanto é uma tentativa falhada que trás consequências graves: será que recuperará do mal que fez ao seu corpo?...
  Veronika é internada e durante a sua estadia no sanatório, as suas ideias acerca da vida começam a modificar-se. Conhece um novo amor - um jovem esquizofrénico com uma história de vida complicada; faz uma boa amiga que lhe dá conselhos; e recomeça a tocar piano - coisa que anteriormente, na sua adolescência, tinha sido desencorajada a fazer pela mãe, por esta considerar que não tinha saída profissional.
  Será que o seu encontro com o amor, a amizade e com a música, lhe darão uma nova perspectiva da vida? Afinal, será que pode fazer tudo o que gosta livremente? Ou será que o seu desejo de suicídio persiste?

O próximo excerto explicita o porquê da sua decisão:

"Quando conseguiu quase tudo o que desejava na vida, chegou à conclusão que a sua existência não tinha sentido, porque todos os dias eram iguais. E decidira morrer."

  Adorei ler o livro e descobri novas coisas acerca do seu autor, Paulo Coelho. Quando ele era mais novo, sempre teve o desejo de se tornar artista - escritor - e sempre teve um comportamento não aceitável para com os seus pais... Estes decidiram interná-lo por isso, e este sempre teve o desejo de escrever pelo que passou. Hoje em dia perdoou-os pelos seus atos e sempre teve receio de escrever algo que os magoasse. Decidiu então escrever na pele de Veronika, uma história verídica que, se a lerem, irão descobrir o que a personagem decide: o suicídio, ou a vida?

sábado, 30 de maio de 2015

Os Interessantes, de Meg Wolitzer

Sábado de manhã: altura perfeita para acabar um livro! 
Daqui é a Raquel, e trago-vos um novo livro, que - como deu para reparar - me levou algum tempo a ler...





E o livro é «Os Interessantes» de Meg Wolitzer.

Meg Wolitzer é licenciada em Escrita Criativa pela Universidade de Brown, e já escreveu vários romances, dois dos quais já foram adaptados para cinema. Todos têm recebido excelentes críticas. De facto, «Os Interessantes» foi nomeado o melhor livro do ano pelo New York Times, o Washington Post e o Telegraph.





Então, este livro fala de seis amigos que se conhecem num campo de férias, o Spirit-in-the-Woods. É um campo de férias somente à volta da arte e para adolescentes talentosos e criativos. Estes seis amigos - Jules, Cathy, Jonah, Goodman, Ash e Ethan - vivem o Verão no campo de uma forma quase paralela ao mundo real, como se aquele fosse o único sítio em que podem, realmente, ser eles próprios e ser felizes. Auto-intitulam-se como sendo "Os Interessantes" e juram ser sempre interessantes, ter sempre as conversas importantes e inteligentes que têm na adolescência, ser, para sempre, as pessoas criativas, de mentes abertas, opiniões formadas que são durante os Verões no campo.

No entanto, todos sabemos que não é assim que acontece na realidade, e Meg Wolitzer leva-nos, com muitas analepses e paralepses, a conhecer o rumo que estas seis vidas tomam, desde que têm dezasseis anos até que têm os seus próprios filhos na faculdade. Alguns seguem o talento, outros 'desperdiçam-no', outros, ainda, descobrem que nunca o tiveram, realmente. Deparam-se com a vida fora do Spirit-in-the-Woods e fora da adolescência e são obrigados a tomar decisões mais importantes do que ser "Os Interessantes".

É bastante aterrador ler um livro destes durante a adolescência e perceber por um ponto de vista pormenorizado o que vai acontecer daqui para a frente. O que vai acontecer às amizades, as consequências que vão aparecer de tudo o que fazemos agora, os perigos, as dúvidas, as memórias. O que acontece às memórias? Será bom mantermos sempre a mesma amizade durante toda a vida? Ou será que isso nos prende a uma realidade que já não passa de uma memória? Qual é o papel da verdade nas nossas vidas? Compensa? Ou será que a mentira é uma melhor aposta?
É tudo isso, juntamente com os episódios da passagem para 2000, o atentado às Torres Gémeas, o desenvolvimento da tecnologia e a mudança dos hábitos da sociedade, que o livro descreve ao longo de 587 páginas e 50 anos de vida das personagens.

Fiquei muito bem impressionada com o livro - aliás, não conseguia parar de ler. Ler Meg Wolitzer é como ouvir um grande amigo nosso a falar connosco, a contar-nos uma história. Escreve como quem fala. É fácil, confusa no bom sentido, faz-nos pensar, faz-nos prestar atenção, e, mais importante, faz-nos pensar na nossa vida e no que esperamos dela. No que é o talento e se este existe, realmente.
Parece-me que será um livro no qual vou pensar durante muito, muito tempo.



«A exuberância era algo que se incinerava, e o pequeno bolbo ardente de talento permanecia e era elevado bem alto, para ser mostrado ao mundo.»

«Mas também, sabia que não era obrigatório casar com a alma gémea, nem sequer com um Interessante. Nem sempre se precisava de ser a pessoa estonteante, o centro das atenções, aquela que fazia com que todos rebentassem a rir, ou com quem todos queriam ir para a cama, ou ser aquela que escrevia e interpretava a peça que receia a ovação de pé. Era possível parar de se obcecar com a ideia de ser interessante. Fosse como fosse, ela sabia que a definição podia mudar; mudara, para si.»

E "Os Interessantes", o que responderam a todas estas questões? Para saberes isso, vais ter de ler o livro...

Espero que tenham gostado, e que fiquem curiosos ao ponto de pegarem nele!
Bom fim-de-semana e boas leituras.

domingo, 10 de maio de 2015

O Ano Sabático, de João Tordo

Olá! Espero que estejam a passar um bom fim de semana. Quem vos escreve é a Márcia.

Venho falar de João Tordo e do seu incrível romance "O Ano Sabático". João Tordo nasceu em Lisboa em 1975. Licenciou-se em Filosofia e estudou Jornalismo e Escrita Criativa em Londres e Nova Iorque. Trabalha como cronista, tradutor, guionista e formador em workshops de ficção.




Este romance foi a minha primeira experiência de leitura com o autor e foi espetacular! Pretendo ler todos os seus romances. Tem uma escrita concisa e direta, limpa e harmoniosa.




  A personagem deste romance, Hugo, vive em Montreal, é um contrabaixista e decide regressar a Portugal, o seu país de origem, para passar um ano sabático. Para quem desconhece, um ano sabático consiste num espaço de tempo que uma pessoa destina ao descanso, sem trabalhar e, neste caso, para por a ideias e a vida em ordem!

  Hugo viveu 13 anos em Montreal, onde aprendeu música, com imensos problemas: dívidas, vício alcoólico e drogas. Quando nem o seu companheiro Nutella - o nome do seu contrabaixo, por ser dessa cor - lhe consegue elevar a auto estima, decide, aconselhado pela sua amiga/amante Catherine, regressar para junto da sua família - tirar um ano de folga!

  Hugo espera, então, encontrar o equilíbrio na sua vida, mas acontece o oposto. Num concerto a que vai assistir, um pianista muito famoso, Luís Stockman, toca uma música de improviso. Hugo já a tinha composto na sua cabeça; nunca a tinha revelado a ninguém, nem sequer a uma pauta musical! E ainda nem estava terminada...


Hugo torna-se então obcecado por esta melodia em Dó sustenido inacabada, chamada Dulcineia e pelo pianista. Alega que este lhe roubou a melodia; ou será que ele é a sua outra metade, o seu gémeo que supostamente deveria ter morrido à nascença? Como é possível um homem desconhecido, tocar algo que está na sua mente, sem tirar nem pôr?

  Como e porquê não vos posso desvendar! Na segunda parte deste livro lemos a versão da história por parte do pianista, que parece ser uma história relatada de um amigo do autor, seu amigo próximo - sendo esse amigo o pianista... Será verídica? Pesquisei mas nenhum site o dizia... Deixo então o suspense!




É uma história obscura que confunde a realidade com o irreal. Confunde-nos e faz-nos pensar na razão da nossa existência. Põe em evidência o facto de não sermos únicos - de termos uma outra metade, por aí... Levanta questões filosóficas sem qualquer resposta aparente - são as mais difíceis as questões filosóficas! Recomendo vivamente a leitura deste livro.


"Era espantoso como, tocando aquela música por vezes melodiosa, por vezes caótica, amiúde dissonante, Stockman conseguira um segundo lugar na tabela de vendas. Era um prodígio da imaginação.
  A imaginação de um ladrão, pensou Hugo."


"Não se sentia louco; não se considerava louco, pelo contrário: sentia-se à beira de alguma coisa importante, na vertigem de uma descoberta. Mas seria possível, contudo, que os progressivamente loucos se julgassem progressivamente sãos?"

Espero que tenham gostado!
Aproveitem o sol de hoje e tenham o resto de um bom fim de semana.

domingo, 3 de maio de 2015

All The Bright Places, de Jennifer Niven

Boa noite a todos!

Hoje quem vos escreve é a Raquel! Trago-vos um dos melhores livros que li nos últimos tempos: All The Bright Places.
É um livro bastante recente - foi publicado apenas no início deste ano - e, por isso, ainda não existe traduzido para português.

É o primeiro livro da categoria de jovens adultos que Jennifer Niven escreve, embora já tenha escrito quatro romances para adultos, três livros verídicos e um livro de memórias.
All The Bright Places deu origem à sua revista online: GermMagazine.com.
O livro é resumido pela frase: "A história de uma rapariga que aprende a viver com um rapaz que quer morrer."

Theodore Finch é um rapaz genuíno, interessante e diferente, que quer tirar a sua própria vida, pois acredita que o seu papel no mundo tem um fim próximo.
Violet Markey é uma rapariga popular, inteligente e divertida que 'perde' todas estas qualidades com a morte da sua irmã Eleanor. Violet fica devastada e sente que não há mais nenhuma razão para estar viva, agora que a sua irmã já não está com ela.

Estes dois adolescentes conhecem-se na torre do sino da sua escola e, com muito tempo juntos, aprendem lições de vida um com o outro.
Theodore Finch é o verdadeiro moralizador desta história. Ao longo do livro, constrói como que um Guia para Viver, que pode ser seguido à risca por todos os que lerem este livro. Assim, Violet Markey descobre o sentido da vida e como seguir em frente.

Um romance improvável mas inspirador, divertido e real - não no sentido de que aconteceu realmente, mas no sentido de que pode acontecer. Faz-nos rir, chorar e pensar seriamente na nossa própria vida e na das pessoas que nos rodeiam. Como primeira lição do livro, posso dizer que se todas as pessoas lessem este livro, talvez percebessem o que é a vida e qual é a melhor maneira de a viver. É possível viver com as tragédias e é possível ser feliz após as mesmas.

Como segunda lição da história, eu pergunto: é a morte mesmo o fim?

Deixo-vos com esta questão e com o desafio de lerem All The Bright Places e aprenderem a viver mais felizes. Eu aprendi muito com o livro e gostava de passar a mensagem por muita gente.
Talvez daqui a uns meses o livro seja traduzido e possa espalhar-se ainda por mais pessoas - eu espero que sim.

Então, espero que gostem e deixem aqui as vossas opiniões!


«You are all the colors in one, at full brightness.»

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Se Isto é um Homem, de Primo Levi

Olá, olá!

É a Márcia quem vos escreve hoje! Acabei recentemente de ler o livro "Se Isto é um Homem", de Primo Levi. Foi um químico e escritor que nasceu em Turim e esteve prisioneiro no campo de Auschwitz por ser judeu. Este livro relata tudo o que passou no campo. Dos 650 judeus italianos enviados para Auschwitz com Primo Levi, apenas 20 sobreviveram... Devo confessar que não foram poucas as vezes que chorei, principalmente no início do livro.


 As condições que passaram no campo foram desumanas e o sofrimento deste homem, e de outros tantos, sente-se a cada palavra deste livro. 
Consta que Levi tenha cometido o suicídio por não aguentar viver com a culpa de ter sobrevivido.


"É homem quem mata, é homem quem faz ou sofre injustiças; não é homem quem, perdida qualquer vergonha, divide a cama com um cadáver. Quem esperou que o seu vizinho acabasse de morrer para lhe tirar um quarto de pão está, embora sem qualquer culpa própria, mais afastado do modelo do homem pensante do que o pigmeu mais selvagem e do sádico mais feroz."

 A partir desta citação podemos constatar que estes homens, após uma intensa permanência no campo de concentração, deixam de agir como a sua mente acha correto e humano e passam a viver apenas pela sobrevivência. Ora, isto não é viver como homem. Neste livro é descrito com minuciosidade os esforços e o trabalho escravizado, as doenças e a falta de higiene, os truques de sobrevivência, a culpa e a saudade de ser humano. É um relato que impressiona qualquer leitor.

Na imagem abaixo, podemos ver um monte de roupas pertencente, possivelmente, a falecidos prisioneiros. No inverno sofriam bastante com o frio dado que as temperaturas eram a baixo de zero e, por vezes, só tinham uma blusa e umas calças (se tivessem era uma sorte).



O campo de Auschwitz (penso que é a entrada).

Curiosidade: este ano foi celebrado o 70º aniversário da 2º Guerra Mundial e circulou pela Europa uma Tocha de fogo que foi abençoada pelo Papa Francisco. Essa tocha chegou à minha escola (que privilégio!) e a minha turma foi quem preparou a sua recepção. Cantámos uma música, foi declamado um poema do Primo Levi e eu li uma carta onde o escritor explicava que não devíamos ter ódio aos alemães, apesar de terem causado a guerra e de todos os horrores que provocaram. Foi um momento único que se calhar nunca mais vou reviver e, acima de tudo, emocionante.



A cantar "Va Pensiero", ópera  Nabucco de Verdi

A música que cantámos merece ser ouvida. A primeira vez que a ouvi, arrepiei-me. Tudo isto para relembrar que, por vezes, nos queixamos de pequenas coisas insignificantes que parecem ter a maior importância do mundo e, quando lemos este livro e relembramos os horrores das guerras, constatamos que os nossos problemas não passam de uma pequena gota de água num extenso oceano.

Aqui vos deixo a música:



Espero que tenham gostado!