O que nos trás por cá?

O que nos trás por cá?

Desde já, bem-vindos(as) à Nossa Biblioteca! Tal como o nome indica, neste blog iremos falar de livros, escritores e da arte de escrever. Se quiserem saber mais acerca de quem vos escreve, consultem as páginas abaixo. Somos, acima de tudo, duas raparigas apaixonadas por este mundo imaginário, mas por vezes real, que é a escrita. Decidimos então juntar-nos e criar um blog para vos dar a conhecer o que andamos a ler! Esperamos que gostem deste nosso projecto. Como costumam dizer que "somos o que comemos", nós por cá dizemos "somos o que lemos!".

domingo, 10 de maio de 2015

O Ano Sabático, de João Tordo

Olá! Espero que estejam a passar um bom fim de semana. Quem vos escreve é a Márcia.

Venho falar de João Tordo e do seu incrível romance "O Ano Sabático". João Tordo nasceu em Lisboa em 1975. Licenciou-se em Filosofia e estudou Jornalismo e Escrita Criativa em Londres e Nova Iorque. Trabalha como cronista, tradutor, guionista e formador em workshops de ficção.




Este romance foi a minha primeira experiência de leitura com o autor e foi espetacular! Pretendo ler todos os seus romances. Tem uma escrita concisa e direta, limpa e harmoniosa.




  A personagem deste romance, Hugo, vive em Montreal, é um contrabaixista e decide regressar a Portugal, o seu país de origem, para passar um ano sabático. Para quem desconhece, um ano sabático consiste num espaço de tempo que uma pessoa destina ao descanso, sem trabalhar e, neste caso, para por a ideias e a vida em ordem!

  Hugo viveu 13 anos em Montreal, onde aprendeu música, com imensos problemas: dívidas, vício alcoólico e drogas. Quando nem o seu companheiro Nutella - o nome do seu contrabaixo, por ser dessa cor - lhe consegue elevar a auto estima, decide, aconselhado pela sua amiga/amante Catherine, regressar para junto da sua família - tirar um ano de folga!

  Hugo espera, então, encontrar o equilíbrio na sua vida, mas acontece o oposto. Num concerto a que vai assistir, um pianista muito famoso, Luís Stockman, toca uma música de improviso. Hugo já a tinha composto na sua cabeça; nunca a tinha revelado a ninguém, nem sequer a uma pauta musical! E ainda nem estava terminada...


Hugo torna-se então obcecado por esta melodia em Dó sustenido inacabada, chamada Dulcineia e pelo pianista. Alega que este lhe roubou a melodia; ou será que ele é a sua outra metade, o seu gémeo que supostamente deveria ter morrido à nascença? Como é possível um homem desconhecido, tocar algo que está na sua mente, sem tirar nem pôr?

  Como e porquê não vos posso desvendar! Na segunda parte deste livro lemos a versão da história por parte do pianista, que parece ser uma história relatada de um amigo do autor, seu amigo próximo - sendo esse amigo o pianista... Será verídica? Pesquisei mas nenhum site o dizia... Deixo então o suspense!




É uma história obscura que confunde a realidade com o irreal. Confunde-nos e faz-nos pensar na razão da nossa existência. Põe em evidência o facto de não sermos únicos - de termos uma outra metade, por aí... Levanta questões filosóficas sem qualquer resposta aparente - são as mais difíceis as questões filosóficas! Recomendo vivamente a leitura deste livro.


"Era espantoso como, tocando aquela música por vezes melodiosa, por vezes caótica, amiúde dissonante, Stockman conseguira um segundo lugar na tabela de vendas. Era um prodígio da imaginação.
  A imaginação de um ladrão, pensou Hugo."


"Não se sentia louco; não se considerava louco, pelo contrário: sentia-se à beira de alguma coisa importante, na vertigem de uma descoberta. Mas seria possível, contudo, que os progressivamente loucos se julgassem progressivamente sãos?"

Espero que tenham gostado!
Aproveitem o sol de hoje e tenham o resto de um bom fim de semana.

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